Common Action Forum 2019

Uma nova rota para o desenvolvimento
Cidade do México, México | 13 e 14 de outubro de 2019

CAF 2019 Report.pdf
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Apresentação

Houve um tempo, não muito tempo atrás, em que era possível acreditar, sem sombra de dúvida, que o mundo estava caminhando em uma direção virtuosa. Um caminho em que o presente e o futuro estavam conectados por um vetor linear e reto de desenvolvimento imparável. Era apenas uma questão de tempo até que os benefícios do progresso alcançassem não apenas uma pequena elite de pessoas ou países, mas também todos aqueles que pudessem se esforçar para merecê-los. E essa perspectiva era compartilhada até mesmo pelos grandes opositores ideológicos, que já estavam discutindo se o mercado ou o Estado triunfaria como o agente transformador por excelência.

Esse instantâneo representa um dos últimos capítulos do longo processo ontológico de separação entre a humanidade e a natureza. Desde que começamos a dominar e reificar as forças do mundo, superamos uma série de fronteiras: as continentais com as navegações do século XV; as energéticas com a Revolução Industrial do século XVIII; as fronteiras do espaço, do corpo e da informação com a Sociedade do Conhecimento no século XX.

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O século XXI, entretanto, nos traz uma realidade nova, dura e imprevisível. As promessas virtuosas de desenvolvimento baseadas no crescimento econômico infinito deram lugar a um cenário de desigualdade social, desconfiança financeira e aproximação de limites ecológicos nunca antes vistos. Regiões como o sul global parecem cada vez menos dispostas a continuar internalizando os males e externalizando os benefícios do atual modelo de desenvolvimento; e está cada vez mais claro que depositar cegamente esperanças em novas tecnologias para resolver esses desafios sem antes corrigir os regimes de acumulação levaria a um nível ainda mais profundo de desigualdade.

A boa notícia, no entanto, é que o desafio cria as condições ideais para confrontar esses paradoxos, que são normalizados em nosso sistema mundial atual. E é diante desse desafio nada modesto, mas urgente, que o Fórum de Ação Comum está lançando sua presença no México: impulsionado pelo novo ethos político de reconciliação e inovação que o país está experimentando, o que o torna um laboratório incomparável com o potencial de inspirar toda a região, mas também o mundo.

Problemas como a pobreza, que afeta metade da humanidade, ou o aquecimento global, que afeta todos nós, são apenas parte de uma realidade distópica que não deixa mais tempo para utopias locais. Os cidadãos e as elites intelectuais, políticas e econômicas terão invariavelmente de encontrar uma nova heterotopia regenerativa. Isso significa ir além do reformismo e promover mudanças nas chaves conceituais, nas formas de pensar, agir e existir. Repensar um novo caminho de desenvolvimento e começar a implementá-lo é a missão que nos espera nos próximos anos. É hora de fundar uma nova era.

Sessões

1ª SESSÃO
Reconhecendo a diversidade, governando os bens comuns

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A transformação acelerada das últimas décadas trouxe consigo um profundo desafio de entender as entidades que habitam o mundo e as leis que o governam e, com isso, um desafio na administração dos bens comuns, que nos permite resolver a precariedade do presente e corrigir as rotas para o futuro. Enquanto a extinção em massa de animais e plantas está ocorrendo e os recursos naturais estão sendo poluídos em um ritmo sem precedentes, a tecnologia hibridiza e hiperconecta a sociedade, e o conceito de nuvem refere-se quase mais a esferas virtuais indispensáveis do que a um estado de condensação de água na atmosfera.

Esta sessão se presta a identificar uma nova condição mundial na qual o natural, o humano e o tecnológico estão mais entrelaçados do que nunca, a explorar princípios de governança atentos aos potenciais dessas novas articulações e a reverter a tendência que transforma setores marginalizados em setores permanentemente excluídos.

2ª SESSÃO
A fuga de capitais e a encruzilhada da teoria do valor
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O valor é criado, extraído e destruído. A história econômica geralmente atribui um papel excessivo às empresas na criação de riqueza, minimizando a contribuição do Estado ou dos trabalhadores. A verdadeira natureza da teoria do valor é bem diferente: a criação de riqueza é um processo complexo de cocriação e coparticipação. A forma atual de globalização apresenta uma encruzilhada: criar riqueza bem distribuída ou permitir que ela seja extraída e circule por meio de fluxos econômicos difíceis de rastrear.

A fuga de capitais ameaça a domesticação da forma mais selvagem de globalização, a de um sistema capitalista alimentado por uma economia financeira descontrolada. O controle e a luta contra a fuga de capitais, as empresas offshore e os paraísos fiscais é uma condição necessária, mas não suficiente, para começar a vislumbrar uma economia de esperança.

3ª SESSÃO
PIB e desenvolvimento fora da Caverna de Platão
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De acordo com a famosa alegoria platônica da Caverna, o contato com uma realidade projetada limita e oculta a complexidade da própria realidade. E se pensássemos na Caverna como a nossa ideia atual de mundo, regida quase que exclusivamente por sua dimensão econômica? O PIB, aquela unidade de medida tão repetida nos noticiários, não seria então a projeção referencial dessa dimensão? Não encarnaria ele a tensão entre os mundos sensível e inteligível no auge da chamada “Sociedade da Informação e do Conhecimento”?

À luz das lições aprendidas precisamente nas margens dessa sociedade, descobrimos que o crescimento se torna um paradoxo quando o planeta está se aproximando do ponto de saturação demográfica e os bens comuns correm o risco de colapso, superexplorados por estilos de vida insustentáveis ou não sustentáveis. Não faz muito tempo que a promessa de progresso social, o verdadeiro indicador de benefício coletivo, foi frustrada e substituída pelo desastre do crescimento projetado para dividir. Agora, mais do que nunca, precisamos devolver a esse progresso social o papel transformador que ele merece.

4ª SESSÃO
Liderando o Sul Global em um New Deal Verde
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A ausência de estratégias globais imediatas contra a crise climática pode ter um impacto incalculável, e devemos olhar para além de Paris. Há quase uma década, a possibilidade de um Green New Deal vem ganhando força entre os setores progressistas e como uma agenda relacionada às plataformas de políticas internacionais. A ideia parece simples: acabar com a austeridade, investir localmente, restaurar um estado de bem-estar social e construir uma economia sustentável com base em recursos e tecnologias ecologicamente corretos.

Mas será que os países mais vulneráveis podem se dar ao luxo de adotar essa visão, e ela é compatível com a transformação digital acelerada e extrativista dos países desenvolvidos? Independentemente da versão desse Green New Deal que analisarmos, elas sempre parecem reproduzir uma postura colonialista e do Atlântico Norte em uma era de transnacionalização, sem considerar a visão de futuro do Sul Global. É lá que o desequilíbrio que sustenta este mundo desigual é vivido e sofrido, mas também é lá que está a possibilidade de uma mudança radical no sistema e onde novas lideranças, vozes e ideias devem surgir para forçar os responsáveis pela catástrofe climática a agir e garantir um futuro próspero para todos.

Participantes

Martha Delgado
ABERTURA DA 1ª SESSÃO

Martha Delgado é subsecretária de Assuntos Multilaterais e Direitos Humanos do Ministério das Relações Exteriores do México desde 2018. Ela também foi chefe do Ministério do Meio Ambiente da Cidade do México entre 2006 e 2012.

Paola Félix Díaz
ABERTURA DA 2ª SESSÃO

Paola Félix Díaz é diretora do Fondo Mixto de Promoción Turística. Uma renomada ativista social na luta contra o tráfico de pessoas, ela também atuou como deputada federal na Cidade do México.

Wadah Khanfar
ABERTURA DA 3ª SESSÃO

Wadah Khanfar é cofundador e presidente do Common Action Forum. Ex-CEO da Rede Al Jazeera, foi nomeado um dos “Jovens Líderes Globais” do Fórum Econômico Mundial de 2008 e está classificado em primeiro lugar no Top 100 Global Thinkers de 2011 da Foreign Policy.

Rebeca Grynspan
ABERTURA DA 4ª SESSÃO

Rebeca Grynspan é economista e política da Costa Rica. Ex-vice-presidente da Costa Rica, é a atual Secretária Geral da Secretaria Geral Ibero-Americana (SEGIB). Ela também atuou como administradora associada do Programa de Desenvolvimento da ONU.

Pedro Brieger
1ª SESSÃO – MODERADOR

Pedro Brieger é um jornalista e sociólogo argentino, professor de Sociologia do Oriente Médio na Universidade de Buenos Aires. Com uma longa carreira jornalística em vários meios de comunicação, hoje ele dirige o NODAL, um site de notícias focado em informações sociopolíticas e culturais da região da América Latina e do Caribe.

Leticia Merino
1ª SESSÃO – PAINELISTA

Leticia Merino é antropóloga e professora do Instituto de Pesquisa Social da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM). Sua área de especialização é política ambiental, mais especificamente ação coletiva e gestão comunitária de recursos naturais.

Melanie Dulong
1ª SESSÃO – PAINELISTA

Melanie Dulong de Rosnay, PhD em Direito, é professora e pesquisadora associada do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS) e diretora do Centro de Internet e Sociedade da mesma instituição. Sua pesquisa se concentra nos bens comuns digitais, na regulamentação da tecnologia e na legislação e regulamentação da tecnologia da informação.

Stacco Troncoso
1ª SESSÃO – PAINELISTA

Stacco Troncoso é autor, professor e ativista especializado no campo dos bens comuns. Coordenador de advocacy na P2P Foundation, ele também dirige o projeto Commons Transition, o principal centro de comunicação e ativismo da fundação.

Andrés Lomeña
2ª SESSÃO – MODERADOR

Andrés Lomeña é formado em Jornalismo e Teoria Literária, além de ter um doutorado em Sociologia. Ele também é professor de Filosofia e suas publicações mais recentes incluem Ficcionología (2016), El Periodista de Partículas (2017) e Rescoldos Mentales (2018). Ele escreve regularmente para o The Huffington Post.

Andrés Arauz
2ª SESSÃO – PAINELISTA

Andrés Arauz é um economista equatoriano especializado em integração regional, finanças e tecnologia. Em seu país natal, foi Ministro da Coordenação do Conhecimento, Vice-Ministro do Planejamento e Diretor Geral do Banco Central. Ele colabora com várias organizações da sociedade civil nas Américas. Atualmente, é bolsista de doutorado na Universidade Nacional Autônoma do México.

Eduardo Barcesat
2ª SESSÃO – PAINELISTA

Eduardo Barcesat é um renomado jurista argentino, professor da Universidade de Buenos Aires e consultor de direitos humanos da UNESCO. Ele também é membro fundador e ex-secretário geral da Associação Americana de Juristas.

Magdalena Rua
2ª SESSÃO – PAINELISTA

Magdalena Rua é contadora pública, doutoranda em Desenvolvimento Econômico e professora da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Buenos Aires (FCE-UBA). Ela também é investigadora de crimes econômicos para o Ministério Público da Argentina e uma autora acadêmica prolífica.

Javier López Casarín
3ª SESSÃO – MODERADOR

Javier López Casarín preside a Reinventing Mexico Foundation (FRaM), uma jovem organização sem fins lucrativos cujo objetivo é promover o desenvolvimento de uma comunidade de pensamento no México. Ele possui um doutorado honorário da Academia Mexicana de Direito Internacional e é especialista em inovação e tecnologia.

Laura Carlsen
3ª SESSÃO – PAINELISTA

Laura Carlsen é Diretora do Programa das Américas no Centro de Política Internacional na Cidade do México. Ex-correspondente da revista Latin Trade e editora da Business Mexico, Carlsen é uma especialista reconhecida no desenvolvimento social, político e econômico do México e da América Latina.

Alicia Puyana
3ª SESSÃO – PAINELISTA

Alicia Puyana Mutis é acadêmica e professora de economia na FLACSO. É autora de várias publicações sobre integração e dinâmica socioeconômica na América Latina.

Gaspard Estrada
3ª SESSÃO – PAINELISTA

Gaspard Estrada é diretor do Observatório Político para a América Latina e o Caribe da Universidade Sciences Po, em Paris. Sua área de pesquisa se concentra em comunicação política, campanhas eleitorais e política externa francesa na América Latina.

Rafael Heiber
4ª SESSÃO – MODERADOR

Rafael Heiber é cofundador e vice-presidente do Common Action Forum. Geógrafo e climatÓLOGO, mestre em Planejamento Territorial e doutor em Sociologia, é especialista nos vínculos políticos entre tecnologia, cidadania e território. Além de suas atividades acadêmicas e de pesquisa, ele também trabalha como consultor jornalístico, comentarista e colunista para vários meios de comunicação internacionais.

Guillaume Long
4ª SESSÃO – PAINELISTA

Guillaume Long é um acadêmico e político franco-equatoriano. Foi Ministro das Relações Exteriores, Ministro da Cultura e do Patrimônio e Ministro Coordenador do Conhecimento e do Talento Humano durante o mandato de Rafael Correa no Equador.

Magdalena Sepúlveda
4ª SESSÃO – PAINELISTA

Magdalena Sepúlveda é Diretora Executiva da Global Initiative for Economic, Social and Cultural Rights e membro da Independent Commission for Corporate Tax Reform (ICRICT).

Renata Ávila
4ta SESIÓN – PANELISTA

Renata Ávila é uma advogada e ativista guatemalteca especializada em direitos humanos e tecnologia. Membro do DiEM25, ela faz parte do Conselho de Administração da Creative Commons e do Conselho Consultivo da Sociedade da Informação da OECD.

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